não entende nada sobre política.
um homem que discute os males do mundo capitalista, mas acha que a melhor maneira de lidar com um
problema (pessoa), é ignorando-o, ou seja, seguindo a lógica do abafamento, da opressão e da
alienação aplicada a seres humanos,
não entende nada sobre política.
um homem que estuda, questiona, exige posicionamento alheio, mas opta
por posicionar-se ignorando um problema (pessoa) que está à sua frente,
utilizando desde palavras não ditas até jantares amistosos regados a cerveja e
maconha enquanto o problema (pessoa) espera uma resposta para um conflito que
ainda é latente,
não entende nada sobre política.
um homem que participa de manifestações e entende sobre partidos, mas
tangencia conflitos para preservar a própria paz, ignorando o inferno do outro,
inferno este que ele próprio ajudou a criar,
não entende nada sobre política.
um homem que cria mundos utópicos, mas que cria infernos nos mundos
reais por falta de capacidade (vontade) de compreender, respeitar e preencher as delicadezas dos tempos
(momentos) e de encarar em conjunto as problemáticas que foram criadas em
conjunto,
não entende nada sobre política.
que homem ingênuo o que pensa que a política está completamente
distante! apenas no governo. nos órgãos institucionais. nas discussões filosóficas dos
universitários idealistas. alguma instância da política está, de fato, longe, e
deve sim ser discutida. mas a relação primeira está aqui. o ato político
primário se dá na relação com o outro. na capacidade de transformação minha e
do outro e na abertura para lidar verdadeiramente com os afetos e afetações que
isso envolve. é necessário tentar verticalizar a experiência no campo do sensível. tentar olhar o outro nas pequenas relações. tentar olhar o outro. se esse passo básico, quase infantil, não é dado, é impossível
dar os passos gigantescos para mudar coisas maiores (o mundo, como querem os homens ditos politizados).
encarar o problema de frente, chafurdar nele, bater na mesma tecla até que vire pó. agora exposta. sem covardia. esse é meu ato político e talvez performativo. dói, mas eu não fujo.
encarar o problema de frente, chafurdar nele, bater na mesma tecla até que vire pó. agora exposta. sem covardia. esse é meu ato político e talvez performativo. dói, mas eu não fujo.